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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Esculpida em Carrara


























Essa sou eu, ou é ela, não sei dizer. Não sei mais quem sou eu. Talvez por isso faço bustos de mim mesma, dezenas deles espalhados pela casa e com os amigos. E mesmo que digam que se parecem comigo, eu nunca me vejo neles. Nem ao menos me reconheço em espelhos. Na verdade não há nada que me distinga das outras, tantas iguais que não se sabem mais, tanto quanto eu não me sei.
Agora estou aqui tentando rememorar o que houve de errado comigo, até que ponto está em minhas mãos isso que me tornei. Poderia dizer que chega de histórias e levar as coisas como são, como vem, mas não é assim.
Lembro de pedir para a minha mãe deitar ao meu lado até eu dormir, mas não lembro se ela se deitava comigo ou não.
Talvez seja como minha avó dizia, vida de gato, sete vidas, muitas vidas!
Eles me dizem que não queriam que fosse como sou, pois pessoas como eu não aprenderam a confiar. Querem fazer amor comigo e têm medo, o sexo é o início do fim. Não temo os homens que somem depois da primeira transa, aliás eles são os mais comuns, inofensivos.
Os que dizem que não vão a lugar algum são os que realmente me assustam, os que querem pagar para ver. Não queria que fosse assim, mas é.
Gatos mesmo que jogados de certa altura caem de pé, com as quatro patas para baixo, assim como tem que ser.

3 comentários:

Larissa Marques - LM@rq disse...

no fim, minha querida: eu, você e Lispector temos algo em comum, somos mulheres!
grata por comentar!

San Ramon disse...

essa lance com os gatos é caprichoso. Intuitivo, breve.

"Gatos mesmo que jogados de certa altura caem de pé, com as quatro patas para baixo, assim como tem que ser".

Interessante frase.

Larissa Marques - LM@rq disse...

coisas de vovó Alzira, Dom!
grata por comentar!